Descontos em supermercados e até na renegociação de dívidas são oportunidades para economizar no mês de novembro.

Com o poder de compra reduzido, três datas prometem mobilizar os consumidores em novembro com ofertas de descontos que podem chegar a 90%. Além da já tradicional Black Friday, este ano realizada no dia 25, o Dia do Solteiro, no dia 11, e a Black Friday dos Supermercados, no dia 12, devem impulsionar as vendas.

O mês das promoções terá ainda descontos para quem está negativado regularizar as dívidas e recuperar o crédito já de olho no Natal.

Coordenador do Núcleo de Varejo da FGV Rio, Ulysses Reis, recomenda que quem puder deve antecipar as compras de fim de ano, já que no período natalino os preços tendem a subir.— A partir de 15 de novembro temos o pagamento da primeira parcela do 13º e pode ser uma oportunidade. Em dezembro, lojistas de shopping pagam um aluguel dobrado. Com mais custos, sobem os preços.

Reis também orienta que consumidores que preferirem as lojas físicas fiquem atento à “desova” dos estoques, quando os lojistas reduzem os preços de produtos parados antes da Black Friday. Ele diz que os valores podem ser, em alguns casos, até mais vantajosos do que na data da promoção.

Com quase 40% da população adulta negativada, como mostrou pesquisa da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC), é preciso, no entanto, redobrar a cautela antes de ceder aos descontos para evitar ainda mais endividamento.

Dia do Solteiro

Sucesso na China há três décadas, o maior evento de compras do mundo, o Dia do Solteiro foi importado pelo mercado brasileiro no ano passado. A data é uma oportunidade para comprar roupas, calçados, acessórios e pequenos objetos de decoração, por exemplo, mas também smartphones e até drones.

Uma das marcas do grupo Alibaba, a gigante do e-commerce AliExpress — que trouxe a data para o Brasil — promete nesta segunda edição descontos de até 90%, além de eventos de livecommerce (vendas ao vivo em português), descontos progressivos, cashback e frete grátis.

O dia 11 vai coincidir ainda com o Dia Shopee de novembro, quando a plataforma concentra, uma vez ao mês,os maiores descontos. Haverá redução de até 50% e cupons de frete grátis.

Já a Shein também vai celebrar a data dupla, que acontece nos mesmos moldes da Shopee, até o dia 14, antecipando ofertas da Black Friday. A redução de preço chega a 90% em peças selecionadas.

Além disso, a empresa vai distribuir cupons de frete grátis, cartões de presente de R$ 800 e sortear 99 clientes para receber um pedido gratuito.

Dia dos supermercados

Com a inflação dos alimentos ainda pesando no bolso das famílias, a Black Friday dos Supermercados pode ser uma boa oportunidade para encher o carrinho e se preparar para as festas de fim de ano.

A data, criada pela Associação Brasileira de Supermercados (Abras), acontece pela primeira vez e a expectativa é que seja celebrada anualmente no segundo sábado de novembro.

Segundo a entidade, segmentos da indústria, como de bebidas, carnes e laticínios, estão antecipando ofertas em todo o país. Parte das redes, no entanto, ainda vai concentrar os maiores descontos na Black Friday tradicional, no dia 25.

Black Friday

Importada dos Estados Unidos, a Black Friday já se consolidou como a maior promoção do ano entre os brasileiros. Tradicionalmente a data é uma oportunidade para comprar eletrônicos e eletrodomésticos por até metade do preço, principalmente nas lojas on-line.

As televisões devem bater recorde de vendas este ano por conta de uma coincidência inédita: a proximidade da Copa do Mundo que começa no dia 20 deste mês.

— A expectativa é de descontos de pelo menos 20% a 50% — afirma Gerson Rolim, representante do Comitê de Métricas da Câmara Brasileira de Economia Digital (camara-e.net).

Um dos itens mais desejados por quem vai às compras na Black Friday, os celulares também devem ter a venda impulsionada pela Copa. As apostas são em modelos turbinados para ver os jogos fora de casa. Ainda não se sabe, no entanto, qual será o percentual de desconto.

Dívidas em liquidação

Este ano, os descontos não ficarão restritos a roupas, calçados, eletrodomésticos e eletrônicos. Quem está com o nome sujo também terá neste mês a chance de renegociar débitos com valores reduzidos.

A Serasa já iniciou o Feirão Limpa Nome, que reúne 260 empresas de segmentos como telefonia, bancos, varejo e universidades, entre outros. Os descontos podem chegar a 99% da dívida.

O Feirão vai até o dia 5 de dezembro. A negociação pode ser feita no site da iniciativa (serasalimpanome.com.br), no aplicativo da Serasa, por telefone (no 0800 591 1222), pelo WhatsApp (11 99575-2096) ou presencialmente em qualquer agência dos Correios.

Dívidas com bancos e financeiras também podem ser renegociadas no Mutirão Nacional de Negociação de Dívidas e Orientação Financeira.

A iniciativa é uma ação conjunta da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), do Banco Central do Brasil, da Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon) e dos Procons de todo o país.

Os acordos podem ser firmados pelos canais oficiais dos bancos (bit.ly/3t19wqM) ou no site da Senacon (consumidor.gov.br).

Pesquisa e planejamento

Antes de ir às compras, o consumidor deve pensar em suas necessidades e eleger prioridades, fugindo de ofertas tentadoras, mas desnecessárias. É importante analisar o orçamento e entender se aquela compra cabe nas finanças da família, para evitar o endividamento e a inclusão nos cadastros de devedores.

—É preciso sempre se perguntar: Eu preciso disso? É importante? Vai comprometer meu orçamento nos próximos meses, caso o pagamento seja parcelado? — diz David Guedes, assessor jurídico do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec), que orienta sempre que possível o pagamento à vista.

É importante ter em mente que no início do ano há despesas extras como IPTU e compra de material escolar.

Atenção com armadilhas

Quem quiser garantir bons descontos precisa, antes de tudo, pesquisar os preços dos produtos desejados para não cair em oferta enganosa, “pela metade do dobro”, como costuma se dizer.

Sites como Zoom, Buscapé e BondFaro, que comparam preços, são ferramentas para acompanhar a evolução dos valores. A lista de sites a serem evitados dos Procons e uma pesquisa de reputação das empresas nas redes sociais são recomendáveis.

Cuidado com as fraudes

Outro cuidado deve ser com a segurança nas compras on-line. A primeira regra é nunca clicar em links de promoções, sempre digite o endereço no browser. Detalhes como o “https” no início do endereço do site, o cadeado no canto direito da barra de navegação e selos de segurança são bons indicativos.

O Idec mantém em seu site (idec.org.br/blackfriday) uma página com dicas para que o consumidor não caia em pegadinhas.

O Procon-RJ também acaba de lançar uma cartilha com orientações para consumidores e fornecedores (bit.ly/BF_PROCON2022)

Quem encontrar alguma oferta falsa, deve prestar queixa ao Procon. Já se for vítima de fraude, é precioso ainda registrar um boletim de ocorrência.

Prazos de entrega, troca e arrependimento

As promoções no mês de novembro podem ser boas oportunidades para se antecipar, garantir presentes e a ceia das festas de fim de ano. Mas é preciso se ater a alguns pontos.

Os prazos de entrega, por exemplo, costumam ser mais elásticos durante as campanhas de desconto.

Outros detalhes são os direitos garantidos ao consumidor, como a opção de devolver o produto em caso de arrependimento nas compras remotas, ou seja, feitas por telefone ou on-line. O prazo é de 7 dias, contados a partir da data de entrega.

—Muitos sites aumentam esse prazo, então é importante checar as políticas de troca e devoluções das lojas— alerta Guedes, do Idec.

O CDC garante ainda que, em caso de descumprimento de oferta — como atraso no prazo, não entrega ou produto entregue que é diferente do que foi solicitado — o cliente pode exigir a substituição por outro que seja de mesma qualidade ou melhor. Isso deve ser feito sem acréscimo de preço. Outra alternativa caso isso aconteça é o cancelamento da compra e a devolução do valor pago com correção monetária.

Em compras presenciais, ele explica, o Código de Defesa do Consumidor (CDC) não garante a troca, a não ser por defeito. No entanto, boa parte das lojas têm políticas específicas, ressalta.

—O consumidor pode tirar uma foto de onde a regra é informada, pedir a anotação na etiqueta ou na nota fiscal ou uma cópia da política de troca ou cancelamento — explica o especialista.

Fonte: O Globo